segunda-feira, maio 03, 2010

Religião, secularização e exclusão

Após perder seu domínio sobre vários todas as facetas da cultura: ciência, artes, filosofia, ética, política, economia, etc. A Igreja ocupa um espaço cada vez mais reduzido na modernidade e, cada vez mais, sofre um reducionismo grave diante do pós-modernismo. Tal fato é mais significativo em países do primeiro mundo, entretanto, não deixa de ser percebido em países do terceiro mundo também. A ciência aliada ao desenvolvimento tecnológico, possibilitou novas formas de se enxergar o mundo e o que era “absoluto” passou a ser “relativo”. Deus, enfim, fora excluído do governo, das leis, da educação, da mídia, entre outras coisas.

Desde a “era da razão” a religião tem sido ainda mais relegada a segundo plano, banindo Deus da civilização ocidental. Apesar do número crescente de denominações pentecostais e neo-pentecostais, o cristianismo vem se tornando irrelevante para a humanidade, principalmente quando esta é utilizada para fins comerciais, materialistas e utilitaristas, com mensagens pragmáticas e tendenciosas, motivadas por coisas que nada tem a ver com os ensinamentos de Cristo.

Mediante um discurso sem prática de um lado, e outro, do outro lado, totalmente fomentado pelo capitalismo, intelectuais de várias esferas do saber encontraram o caminho livre para a crença de que a salvação da humanidade depende única e exclusivamente da capacidade do homem, de sua criatividade e esforço para superar suas mazelas.

Tal expectativa gerou um mundo impessoal, onde a possibilidade de uma vida mais solidária e fraterna entre os homens tornou-se cada vez mais utópica. Pois, nesse mundo o indivíduo só alcança reconhecimento a partir do que ele “tem” e não a partir do que ele “é”. Nesse caso, pessoas incapacitadas de acumular bens tornam-se “sacrifícios necessários” para a manutenção da máquina. Além disso, há a rápida destruição da natureza, a poluição, o aquecimento global e o aumento do buraco na camada de ozônio, que provocam crescimento econômico mas que aumentam as mazelas da humanidade e ainda mais a dor dos “mais fracos”.

Muito interessante nesta crise da fé cristã é verificar que seus acusadores não puderam promover uma vida melhor como foi prometido, nenhum tratado socialista ou comunista foi capaz de estruturar um mundo perfeito. Nenhuma descoberta científica ou tecnológica solucionou problemas que afligem a humanidade desde os primórdios de sua existência. Como afirma Russel Shedd: “Doenças novas como AIDS e SARS tem sido inimigos da humanidade difíceis de combater eficazmente. A violência no mundo, as guerras, a incapacidade das autoridades controlar as drogas e o terrorismo, todos são sintomas de um mundo que perde a esperança de encontrar soluções humanistas definitivas para todos os problemas que afligem a humanidade”.

Entretanto, o homem é um ser religioso e a Igreja precisa encontrar novos caminhos e um discurso mais coerente para os dias de hoje, com um paradigma profético de valoração do oprimido, a Igreja (como Deus) deve preocupar-se em anunciar e fomentar a vida; suprindo-lhe de bens materiais, mas, principalmente, a dignidade do ser. O que o mundo precisa hoje é conscientizar-se da necessidade de se construir uma sociedade mais fraterna, justa e humana. A Igreja deve estar pronta para dar-lhe tal direcionamento.

Resumo do artigo do Dr. Ronaldo Cavalcante
Religião, secularização e exclusão