sexta-feira, fevereiro 12, 2010

DEVEMOS ACEITAR CALADOS?

“É preciso fazê-los calar, porque andam pervertendo casas inteiras, ensinando o que não devem, por torpe ganância” (Tt 1.11).

Nesta carta que o apóstolo Paulo escreve a Tito, dá-se continuidade a uma luta contra os judaizantes, pois estes pervertiam a doutrina da graça redentora do sacrifício vicário de Cristo em religiosidade fundamentada nos méritos humanos, em obras da “tradição da letra” (ou da lei), desde a fundação da Igreja de Cristo. Lendo as outras cartas paulinas, logo imaginamos que este problema é exclusividade de Israel, em Jerusalém ou na região palestina, donde são oriundos estes religiosos, porém, Tito estava em Creta, uma ilha grega, para onde judeus da dispersão, ou seja, judeus fugidos das guerras enfrentadas por Israel encontraram refúgio.

Hoje há denominações, independentemente de judeus, trazendo para seus cultos práticas judaicas, prescritas na lei de Moisés, com o mesmo discurso dos judaizantes da época de Paulo: “A doutrina é fraca, pois falta cumprir aspectos importantes da lei mosaica” (da religiosidade protocolar e carnal da lei – circuncisão, festas cerimoniais, páscoa com cordeiro e ervas amargas, etc.). Esta aberração anticristã é condenada pelo apóstolo Paulo em sua carta aos gálatas, tal heresia recebeu, portanto, o nome de galacianismo. É importante que se leia esta carta para melhor compreensão do se afirma aqui.

O fato de buscar-se a justiça de Deus pela lei invalida a graça. Porque, se pelas obras é que somos justificados então Cristo morreu em vão (Gl 2.21). Se devemos voltar aos velhos rudimentos da lei, para que serve então a fé? A lei exige esforço humano enquanto a graça é aperfeiçoada nos santos pelo Espírito Santo de Deus (Gl 3.1-5). Se vivemos no Espírito, nosso discernimento é pelo espírito e não com base em tradições humanas – apesar da lei ser perfeita, o homem a deturpou com legalismo exacerbado e excludente, demonstrando somente sua incapacidade de salvar-se a si mesmo. Este era, inclusive, o propósito da lei. Demonstrar a insuficiência do homem para mostrar-se justo.

Irmãos, com efeito, exorto-vos para que fujam dessas práticas malditas (“Assim, como já dissemos, e agora repito, se alguém vos prega evangelho que vá além daquele que recebestes, seja anátema [maldito]” Gl 1.9). Sendo salvos, fomos justificados pela fé recebida de Deus, como bênção maior do Senhor para nós. Graça superabundante! (Ef 2.8,9). Não nos submetamos, portanto, às paixões e torpe ganância dos homens, mas, confrontemos toda nova “visão” ou “unção” com as Escrituras Sagradas. Pelas mesmas Escrituras: “É preciso fazê-los calar, porque andam pervertendo casas inteiras, ensinando o que não devem, por torpe ganância” (Tt 1.11).