Lecionando na turma de Teologia Sistemática, na FTU, sobre a pessoa e obra do Espírito Santo, numa divagação que fizemos, um aluno perguntou-me se "quando Deus disse: ‘Façamos o homem’, Ele estava dialogando com a Trindade". Uma vez que o nome de Deus Elohim está no plural.
Achei interessante compartilhar a resposta.
Na Bíblia de Jerusalém encontramos:
"[Elohim] Não parece ser um plural majéstico e não se explica também pelo simples fato que o nome Elohim é um plural quanto a forma, pois ele é usado quase sempre como nome próprio do verdadeiro Deus e é acompanhado normalmente de um verbo no singular. Embora seja raro em hebraico, parece que nós temos aqui um plural deliberativo: quando deus, como em 11.7, ou não importa qual outra pessoa, fala consigo mesmo, a gramática hebraica parece aconselhar o emprego do plural. O grego (seguido pela Vulgata) do Salmo 8.6 retomado em Hb 2.7, compreendeu este texto como uma deliberação de Deus com sua corte celeste (cf. Is 6), com os anjos. E este plural era uma porta aberta para a interpretação dos padres da igreja, que viram já sugerido aqui o mistério da Trindade.
Na NVI encontramos:
Deus fala como Rei-Criador, anunciando aos membros de sua corte celeste a sua obra suprema (3.22; 11.7; Is 6.8; v. tb. I Rs 22.19-23; Jô 15.8; Jr 23.18).
Conclui-se que a NVI concorda com a BJ, uma vez que por acreditarem ser uma deliberação de Deus com sua corte celeste, o nome Elohim é um plural deliberativo. Apesar disto não se pode conduzir a conclusão para a impressão de que Deus estava dialogando com o Filho e com o Espírito Santo.