terça-feira, novembro 09, 2010

ESTUDOS SOBRE AS DOUTRINAS DA GRAÇA DE DEUS

Regeneração

    Podemos definir regeneração da seguinte maneira: Regeneração é um ato secreto de Deus pelo qual ele nos concede nova vida espiritual. Isso é às vezes chamado “nascer de novo” (na linguagem de João 3.3-8).


A regeneração é uma obra exclusivamente de Deus
    Na obra da regeneração não desempenhamos papel algum. Ao contrário, é uma obra exclusivamente de Deus. Vemos isso, por exemplo, quando João fala a respeito daqueles a quem Cristo deu poder de se tornarem filhos de Deus – eles “não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus” (Jo 1.13). Aqui João especifica que os filhos de Deus são os que “nasceram [...] de Deus” e que nossa vontade humana (“a vontade do homem) não realiza esse tipo de nascimento.

    O fato de que somos passivos na regeneração fica evidente quando as Escrituras referem-se a ela como “nascer” ou “nascer de novo” (Tg 1.18; I Pe 1.3; Jo 3.3-8). Não escolhemos nos tornar fisicamente vivos e também não escolhemos nascer – é algo que nos aconteceu; semelhantemente, essas analogias nas Escrituras dão a entender que somos inteiramente passivos na regeneração. Esse ato soberano de Deus foi profetizado em Ez 36.26-27). Outros textos confirmam que a regeneração é um ato exclusivo de Deus: Jo 3.8; At 16.14; Ef 2.5; Cl 2.13; Tg 1.17-18; I Pe 1.3; 23,25, etc.

    As Escrituras indicam que a regeneração deve vir antes que possamos responder ao chamado eficaz com fé salvífica. Portanto podemos dizer que a regeneração vem antes do resultado do chamado eficaz (nossa fé). Duas passagens sugerem que Deus nos regenera ao mesmo tempo em que nos faz o chamado eficaz: Pedro diz: “Pois fostes regenerados não de semente corruptível, mas de incorruptível, mediante a palavra de Deus, a qual vive e é permanente. [...] Esta é a palavra que vos foi evangelizada” (I Pe 1.23,25). E também Tiago diz: “Por sua decisão ele nos gerou pela palavra da verdade” (Tg 1.18). Portanto, Deus penetra no nosso coração para produzir uma reposta absolutamente certa de nossa parte – ainda que respondamos voluntariamente.


A natureza exata da regeneração é um mistério para nós

    O que ocorre na regeneração de forma exata é um mistério para nós. Sabemos que de algum modo nós que estivemos espiritualmente mortos (Ef 2.1), fomos vivificados por Deus e num sentido muito verdadeiro “nascemos de novo” (Jo 3.3; Ef 2.5; Cl 2.13). Mas não entendemos como isso ocorre ou o que exatamente Deus faz para nos dar essa nova vida espiritual. Jesus diz: “O vento sopra onde quer, ouves a sua voz, mas não sabes donde vem, nem para onde vai; assim é todo o que é nascido do Espírito” (Jo 3.8).

    As Escrituras vêem a regeneração como algo que nos afeta como pessoas integrais, não se trata ape-nas do nosso espírito estar morto antes – nós estávamos mortos para Deus em nossos delitos e pecados (Ef 2.1). E não é correto dizer que a única coisa que ocorre na regeneração é que nosso espírito é vivificado, por-que cada parte de nós é afetada pela regeneração (cf. II Co 5.17).


Nesse sentido de regeneração, ela vem antes da fé salvífica

    Usando os versículos citados acima, definimos a regeneração como o ato de Deus de despertar a vida espiritual dentro de nós, trazendo-nos da morte espiritual para a vida espiritual. Sobre essa definição, é natural entender que a regeneração vem antes da fé salvífica. De fato, é essa obra de Deus que nos dá capacidade espiritual para responder a Deus com fé.

    Jesus afirma: “Quem não nascer da água e do Espírito não pode entrar no reino de Deus” (Jo 3.5). Entramos no reino de Deus quando nos tornamos cristãos pela conversão. Mas Jesus diz que temos de nascer “do Espírito” antes que possamos fazer isso. Nossa incapacidade de ir a Cristo por nós mesmos, sem uma obra inicial de Deus dentro de nós, é também enfatizada quando Jesus diz: “Ninguém poderá vir a mim se o Pai, que me enviou, não o trouxer” (Jo 6.44), e “Ninguém poderá vir a mim, se, pelo Pai, não lhe for concedi-do” (Jo 6.65). Essa ato íntimo de regeneração é descrito com grande beleza quando Lucas diz a respeito de Lídia: “O Senhor lhe abriu o coração para atender às coisas que Paulo dizia” (At 16.14). O contraste disso está em I Co 2.4 e Rm 3.11.

A regeneração genuína deve produzir resultados na vida

Os regenerados:

1.    Crêem em Jesus (I Jo 5.1);
2.    Não vivem dominados pelo pecado (I Jo 3.9)
3.    Praticam a justiça (I Jo 2.29);
4.    Conhecem a Deus (I Jo 4.7);
5.    Obedecem a Deus sem dificuldades e vencem o mundo (I Jo 5.3,4);
6.    São protegidos por Deus e nada pode atingi-los sem sua permissão (I Jo 4.4; 5.18); e
7.    Dão bons frutos que permanecem (Gl 5.22,23 – Contrário a esses frutos legítimos estão os falos cris-tãos, cujos frutos não permanecem e cairão em desgraça, Mt 7.22,23).