quarta-feira, setembro 01, 2010

ESTUDOS SOBRE AS DOUTRINAS DA GRAÇA DE DEUS

A Graça Comum

“...mas da árvore do conhecimento do bem e do mal não comerás; porque, no dia em que dela comeres, certamente morrerás” (Gn 2.17).

Depois da queda de Adão e Eva toda a humanidade encontrou-se sob o jugo do pecado, cujo salário é a morte (Rm 6.23). Diante desta situação a única coisa que merecemos de Deus e de sua justiça, sendo pecadores, é a morte. Entretanto, assim como Adão e Eva não morreram imediatamente, àqueles que não foram justificados pela fé por não crerem no sacrifício vicário de Cristo, recebem bênçãos da parte de Deus que não fazem parte da salvação, enquanto Deus retarda seu juízo quando executará sua sentença final. A isso denominamos Graça Comum – Graça comum é a graça de Deus pela qual ele dá às pessoas inumeráveis bênçãos que não fazem parte da salvação. Essa graça não leva a salvação, somente uma manifestação diferente da magnitude do amor de Deus para com sua criação. Ela, apesar do amor de Deus, não interfere na consecução de sua justiça como o faz a Graça Salvífica.

Exemplos de Graça Comum

1. No domínio físico. Os incrédulos continuam a viver neste mundo unicamente por causa da graça comum de Deus – toda vez que alguém respira, isso se dá pela graça, porque o salário do pecado é a morte, não vida.

- Os produtos da terra – Deus permite que os homens usufruam dos frutos da terra, dando testemunho de si mesmo e de sua misericórdia (At 14.14-17). A terra não produz somente cardos e abrolhos (Gn 3.18). Todos os seres viventes recebem da terra condições de se alimentarem (Sl 145.9,15-16), Deus cuida de toda a sua criação.

- O sol e a chuva – Nosso Pai não escolhe sobre quem ele derramará a chuva e sobre quem o sol brilhará, isso acontece a todos nós (Mt 5.44-45).

- A prosperidade – A prosperidade chegou ao lar de Potifar, por meio de José (Gn 39.5). Na parábola do rico e do mendigo, Abraão lembra ao rico de que este havia recebido seu consolo em sua vida terrena (Lc 16.25).

Há ainda vários exemplos da graça comum de Deus. Até na beleza do mundo natural, na beleza das flores, dos vales, florestas, rios, lagos, etc., que estão disponíveis a todos. Ninguém merece toda essa benevolência que dá testemunho da graça de Deus, mas, enquanto vivos, todos podem usufruir da graça comum do Pai.

2. No domínio intelectual. Deus permite que iluminação e entendimento cheguem a todas as pessoas do mundo. Toda ciência e tecnologia executada por não-cristãos é um dos resultados da graça comum, que lhes concede fazer descobertas e invenções inacreditáveis, desenvolver os recursos da terra em muitos bens materiais, produzir e distribuir tais recursos e ter habilidade em seu trabalho produtivo.

3. No domínio moral. Deus dá a todas as pessoas percepção do que é certo e do que é errado, isso significa que elas freqüentemente aprovarão os padrões morais que refletem muitos dos padrões morais das Escrituras. Mesmo àqueles que se entregaram ao pecado mais degradante, Paulo diz que eles conhecem “a sentença de Deus, de que são passíveis de morte os que tais coisas praticam” (Rm 1.32). Muitas pessoas fazem o bem, porém, não receberão recompensa de Deus. É isso que significam as palavras de Jesus: “Se fizerdes o bem aos que vos fazem o bem, qual é a vossa recompensa? Até os pecadores fazem o mesmo” (Lc 6.33, cf. 2 Rs 12.2 e 2 Cr 24.2).

4. No domínio criativo. Deus tem permitido medidas significativas de talento nas áreas artísticas e musicais, bem como em outras esferas nas quais a criatividade e o talento podem ser expressos, tais como atividades atléticas, arte culinária, literatura e assim por diante.

5. No domínio social. A família permanece até hoje, mesmo depois da queda de Adão e Eva. Essa instituição é tanto para crentes como para incrédulos.

As organizações sociais são resultado da graça comum, operando para o benefício dos seres humanos. Entre elas estão: a família, o governo humano, instituições educacionais, instituições de saúde, instituições de segurança, instituições de caridade, etc.

6. No domínio religioso. Até mesmo no domínio da religião, a graça comum de Deus produz algumas bênçãos para pessoas incrédulas. Jesus nos ordena: “Amai os vossos inimigos e orai pelos que vos perseguem” (Mt 5.44). Quando visamos o bem dos incrédulos, isso está em harmonia com a prática do próprio Deus de conceder luz solar e chuva “sobre justos e injustos” (Mt 5.45) e também se harmoniza com a prática de Jesus durante seu ministério terrestre, quando ele curou todas as pessoas que eram levadas até ele (Lc 4.40).

Devemos nos lembrar sempre que a graça comum e a graça salvífica tem efeitos diferentes na vida do homem. A graça salvífica é para a redenção daqueles que são por ela alcançados, mas, a graça comum, é mais um ato da misericórdia divina sobre os ímpios que vivem juntos dos justos e são abençoados por sua presença.