Como não sou especialista em língua inglesa, a tradução certamente não é das melhores. Também não a revisei após concluí-la, portanto, sejam misericordiosos e tentem aproveitar a informação apesar das imperfeições do texto.
Pr. Luciano Costa
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Há pouco tempo atrás, o famoso coletor Shlomo Moussaieff adquiriu duas caixas de cerâmica porosa, com os fundos abertos para servir como uma espécie de tigela, dentro dele havia uma caveira humana antiga. Um encantamento mágico, escrito em Aramaico, foi encontrado na caveira.
BAR (Revista de Arqueologia Bíblica) - Os leitores já sabem sobre mais de duas mil caixas de encantamentos mágicos que sobreviveram desde o terceiro-sétimo século a.C. nas comunidades judaicas da Babilônia, e que essas caixas de encantamento foram feitas ao mesmo tempo e nas mesmas comunidades que produziram a realização mais intricada, complexa e honrada do Judaísmo rabínico, o Talmude Babilônio. Embora alguns tenham considerado a literatura de encantamento inconsistentes com o espírito do Talmude, a pesquisa recente mostrou-o como melhor, mais complementar e representativo, sobre os aspectos da vida refletida dentro do Talmude.
O fato permanece numa crença, comum naquele tempo, em demônios, entre judeus bem como outros povos. Os caixas de encantamento são conhecidos não só de comunidades judaicas mas de outras comunidades também. As versões judaicas são escritas no que é comumente conhecido como aramaico judaico.
Para combater demônios — que causavam problemas médicos bem como outros infortúnios e males, o povo invocou ritos mágicos numerosos e fórmulas. Os ritos mágicos também podem servir de um encanto de amor. O seu desejado cairia seguramente de amor por você se o encantamento apropriado fosse invocado. O reverso foi também verdadeiro, para trazer o desastre a seu inimigo pessoal, você invocaria um texto de maldição. Esses encantamentos muitas vezes estranhos e místicos eram normalmente inscritos com a escrita espasmódica em uma espiral no interior das caixas.
Nem todos os textos de encantamento mágicos foram escritos nas caixas. Alguns foram escritos em pergaminho, lata, cobre, prata e até ouro. Ocasionalmente encontramos um em até mais materiais exóticos como ovos. Agora da coleção Moussaieff vem um escrito em uma caveira.
Parece que só quatro outras caveiras com textos de encantamento vieram à luz — e uma luz escura. Nenhum deles foi escavado profissionalmente. Todos simplesmente revendidos no mercado de antiguidades. E todas, exceto a caveira Moussaieff, eram conhecidas desde o início do século XX. O grande erudito em aramaico, James A. Montgomery, da Universidade da Pensilvânia, estudou uma na coleção do museu da universidade, sobre a qual ele escreveu em 1913. Quando ele a examinou a caveira estava bem conservada, embora um pouco quebrada. Montgomery trabalhou em duas inscrições da caveira, mas, infelizmente, o texto não estava muito claro, e ele teceu somente alguns comentários. Mais infelizmente ainda, a caveira não parece ter sido bem recebida desde o tempo de Montgomery. Entre 17 partes de caveira restantes que examinei na Filadélfia – que foram pobremente montadas em uma estrutura de arame, precária com o que parecia ser algo preparado com epóxi, encontrei só o que parece ser a parte da inscrição mais curta. É terrivelmente claro que há muito menos do objeto no presente do que houve quando Montgomery o examinou. E o que restou da caveira está em condições muito ruins.
Os comentários de Montgomery, do que ele pode salvar do texto de caveira de Filadélfia, indicam que ele mencionou "espíritos" e "Liliths", no plural. Neste período, as altas taxas de mortalidade de crianças e de recém-nascidos foram atribuídas a “demônios Lilith”, que se pensava que vagavam a terra a procura de mulheres grávidas e crianças recém-nascidas para atacar. Lilith, naturalmente, emerge depois, no período medieval, como a primeira esposa mitológica de Adão que recusou ser subserviente para ele. Mas o motivo do demônio que vaga na terra a procura de crianças recém-nascidas para devorar tem as suas raízes muito antes tradições de Mesopotâmia e persiste em todas as partes da história.
Além da caveira de Filadélfia, Montgomery mencionou duas outras caveiras do Museu de Berlim que ele não foi capaz de examinar. Notei, de fato, outras caveiras no Museu de Berlim, na verdade, três, não dois, espécimes lá.
Os textos em dois dos três são extremamente fragmentários. Um texto fragmentário, contudo, registra o nome do demônio poderoso e sinistro Yaror, o assim chamado “demônio do despacho” conhecido de outros textos de encantamento. Esta caveira também contém um desenho de um demônio amarrado, ocasionalmente encontradas nos tigelas de encantamento. Possivelmente é o próprio Yaror.
Uma das caveiras do Museu de Berlim, contudo, carrega um texto mais extenso. As partes de 16 linhas sobreviveram. O texto menciona o filho e o neto de Lilith, sete anjos e Gabriel. Uma parte do texto – que é difícil de interpretar – faz menções a alguém que “come e não é enchido … [quem] bebe e não é intoxicado … [e quem] é prejudicado e não lançado [significação incerto].” Isto pode referir-se a um demônio insaciável (o neto de Lilith), ou ele poderia ser uma descrição da reclamação de um cliente, ou de uma descrição de que este encantamento está destinado para infligir seu inimigo. O fato deste tipo de texto ser muito raro, leva-nos a crer que teremos de esperar que mais material seja encontrado para apurar qual dessas possibilidades é o mais provável.
Não é fácil escrever em uma caveira. A textura da superfície, as suas curvas, impactos e buracos, necessitam ajustes escriturais que afetam o fluxo do texto e fazem sua leitura mais difícil. Isto é certamente verdadeiro no exemplo recentemente revestido da coleção Moussaieff.
Esta caveira veio a Moussaieff dentro de duas tigelas que formaram um box. As próprios vasilhas não contêm nenhuma escrita. Um exame das vasilhas deu-me a impressão que elas foram retiradas de uma peça única, um objeto mágico único, do qual a caveira era a parte principal. Isto é, contudo, especulação.
A inscrição na caveira contém muitas das características comuns a inscrições de vasilhas mágicas. Sabemos os nomes de pelo menos um pouco das pessoas para quem o encantamento da caveira fora feito. Dois deles são nomes judaicos comuns: Martha e Shilta. Segundo um erudito, Shilta é conseguido de uma palavra aramaica que significa "placenta". E a caveira é provavelmente de uma mulher. Embora as partes de 11 linhas do texto tenham sobrevivido, é difícil ver muito sentido no que permanece. O texto é rodeado de uma linha sinuosa, um elemento comum entre vasilhas de encantamento.
O texto, contudo, é só a parte do mistério. As perguntas básicas continuam confundindo: Por Que uma caveira? Não tenho nenhuma resposta. Existem muito poucos exemplos de que, em comparação com o grande número de vasilhas, mesmo assim o uso de caveiras de textos de encantamento fosse raro. O judaísmo, naturalmente, guarda muitos taboos quanto as reminiscências humanas. Mesmo o toque de um cadáver comunica a impureza. A necromancia é proibida (embora fosse obviamente às vezes praticado). Possivelmente a o texto da caveira foi usada neste propósito, porque se pensava que os espíritos do morto, ao qual as caveiras são obviamente unidas, têm o acesso ao reino sobrenatural. No fim, esta caveira e o seu texto permanecem misteriosos, infelizmente revelando menos do que eles escondem.
Fonte: Biblical Archaeology Review
Tradução: Pr. Luciano Costa