terça-feira, janeiro 25, 2011

IAHWEH, AQUELE QUE SE REVELA

O significado do Antigo Testamento se regula e coincide com o que diz sobre Deus. Referindo-nos à Tora, núcleo central do cânon, devemos dizer, sem sombra de dúvida, que todas as suas informações giram em torno do nome de Deus de Israel, Iahweh. Do princípio ao fim notamos que ele é o verdadeiro sujeito de todos os acontecimentos.
Toda a história bíblica, tudo o que se sabe de Deus, o que ele nos deu e o que ele quer de nós, resume-se a revelação de seu nome no texto a seguir.



Ø  “Disse Deus a Moisés: Eu Sou o que Sou. Disse mais: Assim dirás aos filhos de Israel: Eu Sou me enviou a vós outros” (Êxodo 3.14).

Em nenhum momento Deus está se negando a dizer seu nome a Moisés, mas está deixando bem claro que não o podemos nominar e, menos ainda, compara-lo a outros deuses. O que Deus está fazendo é afirmando que ele será conhecido como ele se revelar, em suas obras e palavras. Sem temer estar causando algum dano à tradução deste texto, podemos dizê-lo da seguinte maneira: “Eu Sou o que Eu me revelar”, “vocês me conhecerão pelo que eu lhes mostrar”, apoiando-nos no caráter dinâmico do verbo ser, que traz em si o conhecimento da essência de quem se dá a conhecer.

Desde as tradições mais antigas, essa revelação de Deus o mostra como criador, juiz, e sustentáculo do universo.

Vejamos estes três aspectos da revelação de nosso Deus altíssimo.


I. IAHWEH, O CRIADOR

Ø  “Assim diz Deus, o SENHOR, que criou os céus e os estendeu, formou a terra e a tudo quanto produz; que dá fôlego de vida ao povo que nela está e o espírito aos que andam nela” (Isaías 42:5).

Como filhos de Deus, que receberam o discernimento do Espírito para compreender a revelação divina, somos testemunhas vivas de que todas as coisas foram criadas por Deus e são obras de suas mãos.

Assim, num momento de inspiração divina, declara o salmista acerca dessas coisas:

Ø  “Os céus proclamam a glória de Deus, e o firmamento anuncia as obras das suas mãos. Um dia discursa a outro dia, e uma noite revela conhecimento a outra noite. Não há linguagem, nem há palavras, e deles não se ouve nenhum som; no entanto, por toda a terra se faz ouvir a sua voz, e as suas palavras, até aos confins do mundo” (Sl 19.1-4ss).

De maneira alguma, mediante a revelação geral de Deus, alguém pode declarar-se ignorante acerca do conhecimento do Senhor, pois sua obra revela-se em seus atos gloriosos. Ninguém que declare, “não há Deus”, será tomado por inocente, mesmo não tendo ouvido sua palavra.

Ø  “(...) Porque os atributos invisíveis de Deus, assim o seu eterno poder, como também a sua própria divindade, claramente se reconhecem, desde o princípio do mundo, sendo percebidos por meio das coisas que foram criadas. Tais homens [homens que o negam] são, por isso, indesculpáveis” (Rm 1.20).

Os filhos de Deus declaram seu conhecimento do Senhor com humildade. Reconhecendo sua soberania e majestade.

Ø  “Vinde, adoremos e prostremo-nos; ajoelhemos diante do SE­NHOR, que nos criou” (Salmos 95:6).


II. IAHWEH, O JUIZ

Ø  “Não fará justiça o Juiz de toda a terra?” (Gênesis 18:25).

Ao interceder por Sodoma e Gomorra, Abraão clama a Deus como “Juiz de toda a terra”. Uma vez que Iahweh é o Criador, que tudo lhe pertence, uma vez que conhecemos sua perfeição e conhecemos seu amor, não entenderíamos que, em sua retidão, somente ele poderia decretar juízo sobre a terra? Quando Deus deu a lei a Moisés, estava mostrando a perfeição de seus preceitos. Deus estava mostrando que existem parâmetros, que devemos seguir para andarmos em conformidade com sua retidão.

Ø  “Eis a Rocha! Suas obras são perfeitas, porque todos os seus caminhos são juízo; Deus é fidelidade, e não há nele injustiça; é justo e reto” (Deuteronômio 32.4).

O “Juiz de toda a terra” é conhecido pelos seus atributos revelados, tais como: retidão, justiça, amor, onisciência, onipresença e onipotência, entre outros. Sua justiça, portanto, baseia-se em sua perfeição requerendo que suas criaturas se conformem a ela. Deus é amor, mas não pode abandonar sua retidão: “Porque IAHWEH, teu Deus, é fogo que consome, é Deus zeloso” (Deuteronômio 4:24).


Aqui devemos abrir um parêntese, pois se Iahweh nos tratar conforme merecemos em função de sua justiça, toda a humanidade deverá sofrer juízo de sua parte. O pecado é uma realidade na vida de todos os seres humanos, inclusive dos cristãos.

Ø  “porque o salário do pecado é a morte mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna em Cristo Jesus, nosso Senhor” (Romanos 6:23).

Um juiz deve condenar todos os que se apresentem culpados diante dele, porém, Iahweh não é só juiz ele é o criador dos céus e da terra e o homem é a coroa de sua criação. Como soberano absoluto sobre todo o universo, a Iahweh reserva-se o direito de usar de misericórdia com quem lhe aprouver. Porém, tal absolvição não veio totalmente de graça; o dom gratuito de Deus está na justificação por meio daquele que pagou por nossos pecados, Jesus Cristo,  Deus encarnado. É verdade que todos estão debaixo do pecado e merecem a morte, entretanto, Jesus Cristo trouxe-nos libertação desta acusação com sua morte vicária, satisfazendo a justiça de Deus com relação aos seus eleitos.

Ø  “pois todos pecaram e carecem da glória de Deus, sendo justificados gratuitamente, por sua graça, mediante a redenção que há em Cristo Jesus” (Romanos 3.23,24).

Nesse caso, fomos justificados pela fé, obtida pela graça que há na obra redentora de Deus, por meio de Cristo: “o justo viverá pela fé” (Romanos 1.17). Antes da fundação do mundo Iahweh disse: “e haja a cruz, e houve a cruz”, desde então “não há mais condenação para os que estão em Cristo” (Romanos 8.1).


III. IAHWEH, O SUSTENTÁCULO

As obras da providência de Deus são sua preservação e governo santos, sábios e poderosos de todas as suas criaturas e das ações que elas efetuam. Entendemos, portanto, que todas as coisas fora de Deus devem a continuação de sua existência, com todas as suas propriedades e poderes, à vontade de Deus.

Ø  “Ele é antes de todas as coisas. Nele, tudo subsiste” (Colossenses 1.17).

Ø  “Só tu és SENHOR, tu fizeste o céu, o céu dos céus e todo o seu exército, a terra e tudo quanto nela há, os mares e tudo quanto há neles; e tu os preservas a todos com vida, e o exército dos céus te adora” (Neemias 9.6).

Todos os “cabelos de nossa cabeça” estão contados, nenhum pardal cai ao solo sem que Deus saiba, o conselho que ouvimos é o de não ficarmos ansiosos pelo dia de amanhã. Todas estas afirmações são testemunhos do próprio Deus, por meio de sua palavra, de que ele tem suprido todas as nossas necessidades e mantido a ordem do mundo. Temos oxigênio para respirar e alimentos para consumir, todos os animais estão em condições de se alimentarem com os produtos da natureza. Mesmo com a interferência destruidora do homem sobre o planeta, todas as coisas são mantidas pelas misericórdias de Iahweh que se renovam todas as manhãs.


IV. CONCLUSÃO

Tão breve estudo não poderia abarcar o mínimo da grandeza de Deus. Com isto só queremos tentar lembrar o quão maravilhoso é nosso Senhor, digno de toda honra, louvor e adoração. Com efeito, apesar de toda glória que o cerca devemos louvar a Deus por ter se importado conosco e por ter se revelado de maneiras tão especiais, como:
- O criador do universo e doador da vida;
- Aquele que ouve o clamor de seu povo e lhe traz libertação;
- A nuvem que arrefece o calor do sol durante o dia, e a coluna do fogo que ilumina o caminho nas mais densas trevas;
- Aquele que não permite o pecado, mas que na morte de seu filho oferece a salvação;
- Refúgio bem presente na hora da tribulação;
- O Todo-poderoso, o Alfa e o Ômega, o princípio e o fim. A vida em abundância e o amor em si mesmo;
- A nossa redenção e alegria, pelos séculos dos séculos. Amém.

quarta-feira, janeiro 19, 2011

ESTUDOS SOBRE AS DOUTRINAS DA GRAÇA DE DEUS

Eleição e Reprovação


Eleição

Eleição é um ato de Deus, antes da criação, no qual ele escolhe algumas pessoas para serem salvas, não por causa de algum mérito antevisto delas, mas somente por causa de sua suprema vontade.

Nosso estudo consistirá, primeiramente, em citar várias passagens do NT que confirmam a eleição. Tentar compreender os propósitos de Deus, esclarecendo esta doutrina e refutar a algumas objeções à eleição.
Várias passagens do NT afirmam com muita clareza que Deus determinou de antemão quem seria salvo.

- At 13.48 - Os gentios, ouvindo isto, regozijavam-se e glorificavam a palavra do Senhor, e creram todos os que haviam sido destinados para a vida eterna.

- Rm 8.38-39 - Sabemos que todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito. Porquanto aos que de antemão conheceu, também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos. E aos que predestinou, a esses também chamou; e aos que chamou, a esses também justificou; e aos que justificou, a esses também glorificou.

- Rm 9.11-13 - E ainda não eram os gêmeos nascidos, nem tinham praticado o bem ou o mal (para que o pro-pósito de Deus, quanto à eleição, prevalecesse, não por obras, mas por aquele que chama), já fora dito a ela: O mais velho será servo do mais moço. Como está escrito: Amei Jacó, porém me aborreci de Esaú.

- Rm 11.7 - Que diremos, pois? O que Israel busca, isso não conseguiu; mas a eleição o alcançou; e os mais foram endurecidos.

- Ef 1.4-6 - Assim como nos escolheu nele antes da fundação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis perante ele; e em amor nos predestinou para ele, para a adoção de filhos, por meio de Jesus Cristo, segundo o beneplácito de sua vontade, para louvor da glória de sua graça, que ele nos concedeu gratuitamente no Ama-do.

- Ef 1.12 - A fim de sermos para louvor da sua glória, nós, os que de antemão esperamos em Cristo.

- I Ts 1.4,5  - Reconhecendo, irmãos, amados de Deus, a vossa eleição, porque o nosso evangelho não che-gou até vós tão-somente em palavra, mas, sobretudo, em poder, no Espírito Santo e em plena convicção, assim como sabeis ter sido o nosso procedimento entre vós e por amor de vós.

- II Ts 2.13 - Entretanto, devemos sempre dar graças a Deus por vós, irmãos amados pelo Senhor, porque Deus vos escolheu desde o princípio para a salvação, pela santificação do Espírito e fé na verdade.

- I Tm 5.21 - Conjuro-te, perante Deus, e Cristo Jesus, e os anjos eleitos, que guardes estes conselhos, sem prevenção, nada fazendo com parcialidade.

Quando Paulo fala sobre a razão pela qual Deus nos salvou e nos chamou a si, ele explicitamente nega que foi por causa de nossas obras, mas indica, em vez disso, que é por causa do propósito do próprio Deus e de sua graça imerecida desde a eternidade passada. Ele diz que Deus é aquele “que nos salvou e nos chamou com santa vocação; não segundo as nossas obras, mas conforme a sua própria determinação e graça que nos foi dada em Cristo Jesus, antes dos tempos eternos” (II Tm 1.9).

- I Pe 1.1 - Pedro, apóstolo de Jesus Cristo, aos eleitos que são forasteiros da Dispersão no Ponto, Galácia, Capadócia, Ásia e Bitínia.

- I Pe 2.9 - Vós, porém, sois raça eleita, sacerdócio real, nação santa, povo de propriedade exclusiva de Deus, a fim de proclamardes as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz.

- Ap 13.4-8 - E adoraram o dragão porque deu a sua autoridade à besta; também adoraram a besta, dizendo: Quem é semelhante à besta? Quem pode pelejar contra ela? Foi-lhe dada uma boca que proferia arrogâncias e blasfêmias e autoridade para agir quarenta e dois meses; e abriu a boca em blasfêmias contra Deus, para lhe difamar o nome e difamar o tabernáculo, a saber, os que habitam no céu. Foi-lhe dado, também, que pelejasse contra os santos e os vencesse. Deu-se-lhe ainda autoridade sobre cada tribo, povo, língua e nação; e adorá-la-ão todos os que habitam sobre a terra, aqueles cujos nomes não foram escritos no Livro da Vida do Cordeiro que foi morto desde a fundação do mundo.

- Ap 17.8 - a besta que viste, era e não é, está para emergir do abismo e caminha para a destruição. E aqueles que habitam sobre a terra, cujos nomes não foram escritos no Livro da Vida desde a fundação do mundo, se admirarão, vendo a besta que era e não é, mas aparecerá.

Nestes dois textos de Apocalipse vemos que se algumas pessoas não tiveram seus nomes escritos no Livro da Vida, antes da fundação do mundo, é óbvio que outras tiveram. Nesse caso encontram-se os eleitos de Deus.


O Ensino da Eleição no Novo Testamento

Como o NT caracteriza a eleição?

1. Como um consolo. “E aos que predestinou, a esses também chamou; e aos que chamou, a esses também justificou; e aos que justificou, a esses também glorificou” (Rm 8.30). Olhando para o futuro, quando Cristo retorna, vemos que Deus determinou proporcionar corpos glorificados, perfeitos àqueles que crêem em Cristo. De eternidade a eternidade Deus tem agido com o bem de seu povo em mente, por isso “todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus” (v.28) e isso deve nos trazer conforto em qualquer circunstância de nossa vida.


2. Como uma razão para louvar a Deus. Deus “nos predestinou para ele, para a adoção de filhos, por meio de Jesus Cristo, segundo o beneplácito de sua vontade, para louvor da glória de sua graça” (Ef 1.5,6), no verso 12 ele diz: “para o louvor de sua glória...”. Em I Ts 1.2,4, Paulo da graças a Deus por saber que Deus os escolheu para a salvação, isso é igualmente esclarecido em II Ts 2.13. A doutrina da eleição amplia o louvor dado a Deus por nossa salvação e diminui seriamente qualquer orgulho que possamos sentir baseados no pensamento de que nossa salvação deveu-se a alguma coisa boa em nós ou alguma coisa pela qual devemos receber o crédito.


3. Como incentivo à evangelização. Paulo diz: “Tudo suporto por causa dos eleitos, para que também eles obtenham a salvação que está em Cristo Jesus, com eterna glória” (II Tm 2.10). A eleição é a ga-rantia de Paulo de que haverá algum sucesso em seu trabalho missionário. É como se alguém nos convidasse para uma pescaria e dissesse: “Eu garanto que vocês pegarão alguns peixes – eles estão famintos e aguardando”.


Equívocos a Respeito da Doutrina da Eleição

1. A eleição é fatalista e mecanicista. Segundo esta afirmação, não importa o que pensamos ou faze-mos, independentemente disso ocorrerá o que Deus determinou e pronto. As coisas foram determina-das por uma força impessoal e tudo funcionará segundo esta força como uma máquina, eliminando a genuína personalidade humana e sua vontade própria.
Contra o mecanicismo, o NT apresenta a realização da nossa salvação como algo efetuado por um Deus pessoal numa comunhão pessoal com suas criaturas (Ef 1.5). O Ato da eleição da parte de Deus foi permeado com amor pessoal por aqueles a quem ele escolheu.
Contra o fatalismo, o NT ensina que nós não apenas fazemos conscientemente escolhas como pesso-as reais, mas as próprias escolhas são também escolhas reais, porque afetam o curso dos eventos no mundo. Elas afetam tanto nossa própria vida quanto o destino dos outros (Jo 3.18). Devemos acrescentar nessa discussão, que nossa vontade sempre foi causada por alguma influência, seja interna ou externa. No caso da salvação, Deus está sempre tomando a iniciativa para que nossa vontade se realize em conformidade com a dele e de seus propósitos. Ninguém toma decisões casuais e sim decisões causadas, ou pela graça de Deus para salvação, ou pela sua justiça para condenação. Agora, não cabe a nós julgarmos os critérios de Deus para a eleição ou para a reprovação (Jó 40.1-9).


2. A eleição se baseia na presciência de Deus sobre a nossa fé. Julga-se aqui que a razão fundamental porque alguns são salvos e outros não encontra-se dentro das próprias pessoas, não dentro de Deus. O NT ensina algo diferente: “Em amor nos predestinou para ele, para a adoção de filhos, por meio de Je-sus Cristo, segundo o beneplácito de sua vontade, para louvor da glória de sua graça, que ele nos con-cedeu gratuitamente no Amado” (Ef 1.5,6) e ainda “Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós; é dom de Deus; não de obras, para que ninguém se glorie” (Ef 2.8,9). Deus nos salvou segundo o beneplácito de sua vontade, não segundo uma possível pré-disposição do homem em buscá-lo, bem como, fomos salvos pela graça, oriundas de si mesmo e de seu amor, também longe de ser algo que está no homem mas certamente algo que é dom de Deus.
a. O conhecimento prévio de Deus é das pessoas e não dos fatos.  Muitos afirmam que quando Paulo escreveu: “Porquanto aos que de antemão conheceu, também os predestinou para serem con-formes à imagem de seu Filho”, estava se referindo a presciência de Deus com relação às inclinações salvíficas dos eleitos, em aceitarem a Cristo. Porém, Paulo está se referindo a outro tipo de conhecimento da parte de Deus (I Co 8.3; Gl 4.9). Quando as pessoas conhecem a Deus pelas Escrituras, ou quando Deus as conhece, esse é um conhecimento pessoal que envolve uma intimidade que salva. Portanto, podemos entender Romanos 8.29 como:  “aqueles a quem ele há muito tempo considerou como estando numa comunhão salvadora com o próprio Deus”. O texto realmente nada diz sobre Deus conhecer de antemão ou antever que certas pessoas creriam, nem essa idéia é mencionada em qualquer outro texto nas Escrituras.

b. Em lugar nenhum das Escrituras encontramos que Deus nos escolheu por causa da nossa fé.  As Escrituras nunca falam que a nossa fé ou o fato de que viríamos a crer em Cristo foi a razão pela qual Deus nos escolheu. Temos fé em Deus porque fomos escolhidos, a fé é o canal pelo qual recebe-mos a graça salvífica de Deus (Ef 2.8; Rm 11.5-6).

c. A eleição baseada em alguma coisa boa em nós (nossa fé) seria o começo da salvação por mé-ritos. Se o fator principal e determinante em nossa eventual salvação é nossa própria decisão de aceitar Cristo, então estaremos inclinados a pensar que merecemos algum crédito pelo fato de sermos salvos: ao contrário de outras pessoas que continuam a rejeitar Cristo, nós fomos suficientemente sábios em nosso julgamento, ou bons o bastante em nossas inclinações morais ou tivemos bastante discernimento em nossas faculdades espirituais para decidir crer em Cristo (Ef 2.8,9). Mas uma vez que comecemos a pensar dessa maneira, então diminuiremos seriamente a glória devida a Deus pela nossa salvação.

d. Predestinação baseada em conhecimento prévio também não dá livre arbítrio às pessoas. Do ponto de vista de que Deus declara eleito alguém por conhecer sua predisposição futura, podemos verificar que a liberdade real do homem foi aniquilada. Deus pode examinar o futuro e ver que a pessoa A vai exercer fé em Cristo, e que a pessoa B não vai exercer fé em Cristo; então esses fatos já estão fixados, já estão determinados. Se temos por verdadeiro que Deus conhece o futuro (o que tem de ser), então, é absolutamente certo que a pessoa A crerá, mas não a pessoa B. Portanto é legítimo dizer que o destino delas está ainda assim determinado, pois não poderia ser de outra maneira.

e. Conclusão: a eleição é incondicional. Parece melhor, pelas quatro razões prévias, rejeitar a idéia de que a eleição é baseada no fato de que Deus tem presciência de nossa fé. Concluímos em vez disso que a razão para a eleição é a escolha soberana de Deus (Ef 1.5). Deus nos escolheu simplesmente porque decidiu derramar seu amor sobre nós – não porque anteviu em nós alguma fé ou mérito.


Objeções à Doutrina da Eleição

1. A eleição significa que não temos opção de aceitar Cristo.  A doutrina da eleição não nega nenhum convite feito no evangelho, para a salvação. A eleição ensina que nossas escolhas são totalmente voluntárias porque são o que queremos e o que decidimos fazer. Isso não quer dizer que nossas escolhas sejam absolutamente livres, porque Deus pode e opera tão soberanamente em nossos desejos que garante que nossas escolhas tornem-se como ele determinou, mas isso ainda pode ser entendido como uma escolha genuína e real pois Deus é a origem de tudo o que é genuíno e real. Podemos dizer que Deus faz com que nos decidamos por Cristo voluntariamente. A suposição equivocada por trás dessa objeção e que a escolha deve ser feita absolutamente livre (isto é de forma alguma causada por Deus) a fim de que seja uma escolha genuinamente humana.


2. Com base nessa definição de eleição, nossas escolhas não são escolhas reais. Se Deus nos faz de determinada maneira e nos diz que nossas escolhas voluntárias são genuínas, então temos de con-cordar que são. Deus, como já dissemos, é a definição, é a origem, do que é real e genuíno no univer-so. Onde as Escrituras dizem que nossas escolhas têm de ser livres da influência ou do controle de Deus a fim de que sejam reais ou genuínas?

3. A doutrina da eleição faz com que sejamos marionetes ou robôs, não pessoas reais. Se Deus nos criou devemos reconhecer que é ele quem define o que é a genuína pessoalidade. A nossa capa-cidade de fazer escolhas nos distinguem de categorias inferiores, como marionetes e robôs que são criações de homens. É Deus quem nos dá o certificado de fazermos escolhas genuínas originadas nele mesmo. Deus é a origem do universo e de tudo o que nele há.

4. Da doutrina da eleição decorre que os incrédulos jamais têm a chance de crer. Quando as pessoas rejeitavam a Jesus, ele sempre lhes atribuía a responsabilidade pela escolha deliberada de rejeita-lo, e não em algum decreto de Deus Pai (Jo 8.43,44; Mt 23.37; Jo 5.40; Rm 1.20). Num segundo nível, a resposta a esta questão já foi dada por Paulo: “Quem és tu, ó homem, para discutires com Deus?! Porventura, pode o objeto perguntar a quem o fez: Por que me fizeste assim?” (Rm 9.20). Outro bom texto encontra-se em Jó 40.1-9 (interessante seria ler todo o discurso que Deus faz para Jó).

5. A eleição é injusta. Se todos pecaram e foram destituídos da glória de Deus tornando-se escravos do pecado, a única coisa que toda a humanidade merece realmente é a morte, pois “o salário do pecado é a morte”. Seria, portanto, perfeitamente justo que Deus resolvesse não salvar ninguém (II Pe 2.4). Mas se ele de qualquer modo salva alguns, isso é uma demonstração de graça que vai muito além das exigências da eqüidade e da justiça. Esse conceito de justiça em que Deus deve “dar uma chance a todos igualmente” é próprio de nós seres humanos, porém, nós realmente não temos o direito de impor a Deus percepções intuitivas do que é apropriado entre os seres humanos.

6. A Bíblia diz que Deus deseja salvar todo mundo. Todo o mundo até hoje encontrou salvação em Cristo, ou algumas pessoas morreram sem nunca terem ouvido sequer seu nome? Vemos na própria Bíblia que alguns já estão provando a perdição, pois foram rejeitados por Deus. Se Deus então deseja salvar todo mundo, nesse ponto ele é incapaz de realizar sua própria vontade, pois não pôde evitar nem que seus anjos se perdessem (II Pe 2.4). Se Deus quer salvar a todos por que a Bíblia insiste em afirmar que muitos perecerão? Se Deus é Todo-Poderoso não poderia evitar isso? Creio que, em sua justiça, Deus não queira salvar alguns (Rm 9.15,16).


A Doutrina da Reprovação

Reprovação é a decisão soberana de Deus, antes da criação, de não levar em conta algumas pessoas, decidindo em tristeza não salvá-las e puni-las por seus pecados, manifestando por meio disso a sua justiça.

- Jd 4 - Pois certos indivíduos se introduziram com dissimulação, os quais, desde muito, foram antecipadamente pronunciados para esta condenação, homens ímpios, que transformam em libertinagem a graça de nosso Deus e negam o nosso único Soberano e Senhor, Jesus Cristo.

- Rm 9.17-23 - Porque a Escritura diz a Faraó: Para isto mesmo te levantei, para mostrar em ti o meu poder e para que o meu nome seja anunciado por toda a terra. Logo, tem ele misericórdia de quem quer e também endurece a quem lhe apraz. Tu, porém, me dirás: De que se queixa ele ainda? Pois quem jamais resistiu à sua vontade? Quem és tu, ó homem, para discutires com Deus?! Porventura, pode o objeto perguntar a quem o fez: Por que me fizeste assim? Ou não tem o oleiro direito sobre a massa, para do mesmo barro fazer um vaso para honra e outro, para desonra? Que diremos, pois, se Deus, querendo mostrar a sua ira e dar a conhecer o seu poder, suportou com muita longanimidade os vasos de ira, preparados para a perdição, a fim de que tam-bém desse a conhecer as riquezas da sua glória em vasos de misericórdia, que para glória preparou de ante-mão.

- Rm 11.7 - Que diremos, pois? O que Israel busca, isso não conseguiu; mas a eleição o alcançou; e os mais foram endurecidos.

- I Pe 2.8 - Pedra de tropeço e rocha de ofensa. São estes os que tropeçam na palavra, sendo desobedientes, para o que também foram postos.

A reprovação é vista como algo que traz tristeza a Deus, não deleite (veja Ez 33.11), e a responsabili-dade pela condenação dos pecadores é sempre lançada sobre as pessoas ou anjos que se rebelam, nunca sobre o próprio Deus (Jo 3.18-19; 5.40). Assim, pelo que as Escrituras apresentam, a causa da Eleição está em Deus (misericórdia, graça), e a causa da reprovação jaz no pecador (justiça).

Uma triagem arqueológica para restaurar a Babilônia


Ter, 18 Jan, 03h35
Os danos causados às ruínas da antiga Babilônia são visíveis de uma pequena colina próxima à Torre de Babel, cuja importância bíblica passa despercebida frente ao que restou dela.
Ao longo do horizonte, há torres de guarda, arames farpados e barreiras cheias de lixo entre as palmeiras; terras invadidas e casas de concreto dessa e de outras vilas; e o enorme palácio que Saddam Hussein construiu na década de 1980, no topo da cidade que Nabucodonosor II governou.
Algo mais também é visível: montes de terra, ocultando tudo o que resta para ser descoberto numa cidade que o profeta Jeremias chamou de "uma taça de ouro nas mãos do Senhor, uma taça que deixou toda a terra embriagada".
Numa de suas muitas visitas às ruínas, Jeff Allen, conservacionista trabalhando com o Fundo de Monumentos Mundiais, disse: "Nada disso foi escavado. Existe um enorme potencial nesse lugar. É possível escavar o plano de ruas da cidade inteira". Isso certamente levará anos para acontecer, dada a realidade do Iraque de hoje.
Mas, pela primeira vez desde a invasão dos EUA em 2003, após anos de descaso e violência, arqueólogos e preservacionistas voltaram a trabalhar na proteção e restauração de partes da Babilônia e outras ruínas antigas da Mesopotâmia.
Há novos locais sendo escavados pela primeira vez, a maioria em segredo, para evitar atrair a atenção de saqueadores _ que continuam sendo um problema por aqui.
O Fundo de Monumentos Mundiais, em conjunto com a Comissão Estadual de Antiguidades e Patrimônio do Iraque, delineou um plano de conservação para combater qualquer deterioração adicional das ruínas da Babilônia e reverter alguns dos efeitos do tempo _ e das recriações propagandísticas e arqueologicamente incorretas de Hussein.
Em novembro, o Departamento de Estado anunciou uma nova concessão, de US$2 milhões, para iniciar a preservação das ruínas mais impressionantes. Elas incluem a fundação da Porta de Ishtar, construída no século VI a.C. pelo pai de Nabucodonosor, Nabopolasar, e adornada com baixo-relevos dos deuses babilônicos Marduk e Adad (a famosa porta azul esmaltada, encomendada por Nabucodonosor, foi encontrada no início do século XX e reconstruída no Museu Pergamon, em Berlim).
O objetivo é preparar o local e outras ruínas _ abrangendo de Ur, no sul, a Nimrud, no norte _ para uma eventual inundação de cientistas, acadêmicos e turistas.
A esperança das autoridades é que isso possa contribuir com o renascimento econômico do Iraque tanto quanto o petróleo.
O projeto para a Babilônia é, de longe, o maior e mais ambicioso do Iraque, um reflexo da fama dessa cidade antiga e sua ressonância no patrimônio político e cultural do Iraque moderno. "Este é um dos maiores projetos que temos, e é apenas o primeiro", afirmou Qais Hussein Rashid, diretor da Comissão Estadual de Antiguidades e Patrimônio, numa entrevista em Bagdá. "Queremos usá-lo como modelo para todos os outros locais". A tarefa é assustadora, contudo, e as ameaças ao local são muitas.
No caso das reconstruções da era de Hussein, algumas são irreversíveis. A invasão americana e a carnificina que a seguiu causaram a interrupção dos trabalhos arqueológicos e preservacionistas, deixando as ruínas à mercê do tempo e de saqueadores. O exército dos EUA transformou a Babilônia numa base militar. Mais tarde, ela foi ocupada por tropas polonesas e, mesmo tendo sido devolvida ao controle da Comissão Estadual de Antiguidades e Patrimônio em 2004, as marcas da ocupação militar ainda podem ser vistas no local.
O Fundo de Monumentos Mundiais tem realizado triagens arqueológicas desde o início de seu plano de conservação, em 2009. Eles criaram escâneres computadorizados para gerar registros precisos dos danos às ruínas e identificaram as piores ameaças, começando pela erosão causada pelos lençóis subterrâneos de água salgada.
"O que precisamos fazer é criar um ambiente estável", disse Allen em novembro. "Hoje, o local está a caminho da destruição completa".
A ação da água subterrânea sobre os tijolos de terra, agravada por uma passarela moderna de concreto e pelas escavações do arqueólogo alemão Robert Koldewey, há mais de um século, já destruiu alguns dos baixo-relevos de 2.500 anos da base da Porta de Ishtar.
"Eles cuidaram da Porta de Ishtar somente no interior, devido às visitas de líderes e autoridades", disse Mahmoud Bendakir, arquiteto que trabalha com o fundo, referindo-se aos responsáveis pelo local durante a era Hussein. "A parte de fora era um desastre".
O financiamento dos Estados Unidos pagará pela canalização da água para longe da fundação da porta, que avança diversos metros por baixo da área ao redor. Reparos similares estão planejados para dois templos da Babilônia, Ninmakh e Nabu-sha-Khare, os conjuntos mais completos de ruínas _ embora também tenham sofrido com a erosão e as restaurações nocivas com tijolos modernos. "É difícil dizer o que atrapalha mais", disse Allen, "mas a soma dos dois é quase tóxica para a preservação de monumentos".
A equipe americana de reconstrução reformou um museu moderno no local, além de um modelo da Porta de Ishtar que, durante décadas, serviu como entrada para visitantes. Dentro do museu, está uma das relíquias mais valiosas do sítio: um baixo-relevo esmaltado de um leão, um dos 120 que se alinhavam na entrada da cidade. O museu, com três galerias, está programado para inaugurar em janeiro, recebendo seus primeiros visitantes desde 2003.
Com um novo sistema de segurança instalado, já se pensa em trazer de volta artefatos babilônicos do Museu Nacional, em Bagdá. O destino da Babilônia já está sendo discutido entre líderes iraquianos, com responsáveis por antiguidades confrontando autoridades locais sobre quando abrir para visitantes, e como explorar o local para um turismo que, basicamente, permanece mais um objetivo do que uma realidade. Há discussões até mesmo sobre o valor da entrada, se ele deveria ir à comissão de antiguidades ou ao governo local.
Mais uma terrível ameaça ao local é o desenvolvimento urbano que ocorreu no interior dos muros da cidade antiga, somando quase oito quilômetros quadrados. O projeto do fundo traçou os velhos muros num mapa, causando agitação entre os iraquianos que atualmente vivem na região.
Eles temem que a preservação das ruínas da Babilônia os expulse de suas casas e terras, como Hussein expulsou os moradores de uma vila local para construir seu palácio. "Eles tiraram aquelas pessoas de suas propriedades", disse Minshed al-Mamuri, que administra uma organização cívica local para viúvas e órfãos. "Isso é algo psicológico para eles".
Allen, que supervisiona o trabalho do fundo, afirmou que a preservação da Babilônia precisaria da colaboração entre eleitorados concorrentes, algo extremamente raro em meio à instabilidade política do Iraque. "Não estamos olhando apenas para a arqueologia", disse ele, sobre o projeto. "Estamos vendo as oportunidades e a viabilidade para a população local. Eles precisam ver algo ser feito com este local. É possível fazer isso e ao mesmo tempo preservar a integridade do sítio arqueológico".

quinta-feira, janeiro 06, 2011

Igreja mexicana quer combater crime com exorcismo

Para religiosos, pessoas influenciadas pelo satanismo estão por trás da onda de violência.
Da BBC


Mexicana cultua a Santa da Morte, criticada pela
Igreja Católica (Foto: Reuters)
A igreja Católica no México acredita que seu trabalho espiritual é importante na luta contra a violência que vem assolando o país e já matou mais de 30 mil pessoas nos últimos quatro anos.

Para os líderes da instituição, há pessoas influenciadas pelo satanismo por trás da onda de crimes.

Para combater o problema, a Arquidiocese da Cidade do México pretende capacitar mais sacerdotes exorcistas, para lutarem contra as 'práticas satânicas' que causa a violência.

Eles não irão acompanhar os policiais e soldados que combatem os cartéis do tráfico, mas sim, formar grupos de oração para resgatar os influenciados pelo mal, explica o sacerdote Pedro Mendonza Pantoja, coordenador dos exorcistas na capital mexicana.
'Se você facilita o ataque do demônio, está facilitando seu trabalho', afirmou o religioso à BBC.

O trabalho dos padres exorcistas no México vem aumentando tanto nos últimos anos que a igreja pretende ter pelo menos um desses especialistas em cada paróquia importante do país.

Rituais e bruxaria
A igreja acredita que práticas como a veneração de imagens semi-religiosas conduzem ao mal.

Recentemente, a Arquidiocese da capital publicou um documento com as práticas demoníacas mais comuns, como rituais espíritas, o ocultismo e a bruxaria, segundo Pantoja.

As práticas são cada vez mais comuns entre os traficantes de drogas, ladrões e sequestradores.

Em março de 2009, por exemplo, a polícia encontrou em Nuevo Laredo, no norte do país, centenas de altares dedicados à figura da Santa da Morte.

A cidade é uma das principais áreas de atuação do cartel Los Zetas, segundo a secretaria de Segurança Pública.

Além disso, há alguns dias, a Procuradoria Geral da Justiça prendeu o líder do Santuário Nacional da Santa da Morte, David Romo. Ele é acusado de sequestro.

'Perda da fé'
Decapitações, homicídios múltiplos, tortura e mutilação são práticas que vêm aparecendo com frequência no México, especialmente em regiões onde há disputas entre cartéis.

Segundo a igreja, isso faz parte de um conflito social que se origina na perda da fé e dos valores familiares. Assim, cria-se um campo fértil para a passagem do demônio, segundo o coordenador dos exorcistas.

'Há pessoas que se afastam de Deus para buscar o mágico, uma saída fácil para os problemas', diz Pantoja.
Ele explica que muitas pessoas podem ser influenciadas por satanás, o que os obrigaria a cometer ações violentas contra a sua vontade.

E aí, segundo o religioso, entra o trabalho dos exorcistas: acompanhado de um grupo de orações, eles devem evangelizar novamente as vítimas, para assim liberá-las e protegê-las.

De acordo com Pantoja, a igreja já atendeu dezenas de casos nos últimos anos, como obsessões, paranóia ou doenças causadas pela influência do mal. 'Promover a fé é o melhor remédio contra a violência', diz.