segunda-feira, setembro 22, 2008

Teologia e Economia, uma visão introdutória - Resumo

SUNG, Jung Mo – Desejo, Mercado e Religião, 2a Edição, Vozes, 1997.

O contexto social mundial evoca grandes preocupações com a grande quantidade de pessoas que tem vivido na miséria, ou, melhor dizendo, sobrevivendo abaixo da linha da pobreza. São muitos os países onde a expectativa de vida é muito baixa, e o grau de analfabetismo é enorme. Fatores que corroboram para um continuísmo de tal situação.

Interessante é notar que uma mudança na economia global, nesse caso em favor da extinção da pobreza, necessitaria de percentuais mínimos da riqueza mundial. O grande transtorno seria a mudança de uma consciência econômica voltada para a geração de riqueza, para uma economia voltada para a superação da pobreza, tendo a distribuição da renda como critério central nas tomadas de decisão políticas e econômicas.

Daí o envolvimento da teologia com a economia, articulando-se com o contexto histórico para denunciar e para dar direção a um paradigma profético de valoração do oprimido. Assim como a tradição bíblica é a da contradição entre a vida e a morte, a Igreja (como Deus) deve preocupar-se em anunciar e fomentar a vida; tanto suprindo-lhe de bens materiais quanto valorizando a dignidade do ser. A religião econômica que elege para si um Deus capitalista, que exige sacrifícios, deve ser convencida de que seus pressupostos precisam construir uma sociedade mais fraterna, justa e humana. A Igreja deve estar pronta para dar-lhe tal direcionamento.

Comparativamente à teologia, a economia também tem seu deus, seu paraíso e, progressivamente, ainda acha-se capaz de, em algum momento futuro, promover a vitória sobre a morte. Para seus cientistas, a economia é uma conseqüência evolutiva da humanidade para se tornar a resposta definitiva a todas as suas mazelas. Só que na tentação de fazer o bem, o acumulo excessivo, ou ilimitado, de riquezas não tem surtido o efeito desejado sobre uma grande parte da população mundial que ainda espera o seu milagre. Os pobres, nesse “culto”, são considerados sacrifícios necessários para um bem maior, aceitando seu destino como algo até natural para o desenvolvimento do “deus mercado”, pois compartilham também dos mesmos sonhos de consumo dos sacerdotes da economia.

Para quem tem “fé no mercado”, apesar dos sacrifícios exigidos, ainda é possível buscar a maximização do lucro nas relações de concorrência no mercado, ao mesmo tempo em que busca a partilha, a solidariedade, a ordenança de Lc 4.16-23, mesmo apesar da grande contradição natural à perversidade desse modelo econômico. A ressurreição de Cristo é a mensagem central e antagônica à divinização do mercado, assim era o testemunho das primeiras comunidades cristãs: “32 E era um o coração e a alma da multidão dos que criam, e ninguém dizia que coisa alguma do que possuía era sua própria, mas todas as coisas lhes eram comuns. 33 E os apóstolos davam, com grande poder, testemunho da ressurreição do Senhor Jesus, e em todos eles havia abundante graça. 34 Não havia, pois, entre eles necessitado algum; porque todos os que possuíam herdades ou casas, vendendo-as, traziam o preço do que fora vendido e o depositavam aos pés dos apóstolos. 35 E repartia-se a cada um, segundo a necessidade que cada um tinha” (At 4.32-35). Neste ponto, a ressurreição de Cristo esta envolvida por dois parágrafos que falam de questões econômicas: a coleta de bens e propriedades conforme as possibilidades de cada um e a distribuição deles segundo as necessidades de cada um, visando não ter necessitados entre eles. Uma partilha que transformava uma multidão em comunidade. A ressurreição de Cristo reflete um amor que garante a dignidade da vida pela graça de Deus, quando lutamos não somente porque temos certeza que venceremos o inimigo perverso, mas, pelo fato de que nos doamos pelos motivos certos, em busca do benefício da coletividade, da humanização da sociedade.

quinta-feira, setembro 11, 2008

Ex-pastor americano é executado por matar médico que fazia abortos

4/9/2003
O Globo

STARKE, Flórida. O ex-pastor presbiteriano e militante antiaborto Paul Hill foi executado ontem na Flórida pelo assassinato de um médico e seu assistente numa clínica de abortos na cidade de Pensacola. A execução ocorreu por meio de uma injeção letal no fim da tarde e o ex-pastor, de
49 anos, foi declarado morto às 18h08m, na Prisão Estadual de Starke.

O crime ocorreu em 29 de julho de 1994, quando Hill atirou com uma escopeta contra o médico John Britton, de 69 anos, e seu assistente, James Barrett, de 74, na porta da clínica Ladies Center em Pensacola. Às vésperas de sua execução, Hill declarou não estar arrependido de ter
matado os dois homens.

— Acredito que o Estado, ao executar-me, estará me transformando num mártir — disse ele, que se encontrou com sua mulher, seu filho, suas irmãs e seus pais por três horas antes de ser levado à câmara de execuções. — Acho que tenho alguma apreensão natural, mas não, não estou
com medo.

Protesto contra execução em frente à prisão

Cerca de 60 pessoas se reuniram em apoio a Hill em frente à prisão para protestar contra sua execução. Elas levavam cartazes em que se lia “Médicos mortos não podem matar” e “Reverendo Paul Hill vai para o céu, o doutor Britton foi para o inferno”.

— Há milhões de pessoas por aí, talvez cem milhões, que acreditam que aborto é assassinato — disse o reverendo Michael Bray.

Grupos antiaborto alegam que Hill, que advogava o que chamava de “homicídio justificável” de médicos praticantes de aborto, representava uma pequena minoria mesmo entre os extremistas do movimento.

A polícia estava investigando ameaças de morte feitas em cartas anônimas ao juiz que sentenciou Hill e a três funcionários do sistema legal e penitenciário do Estado. Investigadores se recusaram a comentar relatos de que as cartas chegaram acompanhadas de balas. Hill disse terça-feira
que não apoiava essa ação e que as balas “deveriam ser apontadas na direção dos que fazem aborto”.
------------------------

Não dá para aceitar esse comportamento medieval nos dias de hoje, como pessoas esclarecidas, que sofrem atentados de fundamentalistas diversos, crêem que há justificativas divinas para tais atos? Que estupidez.